REFLEXÕES
SOBRE A EXPANSÃO DO CONHECIMENTO
Como a impermanencia é uma característica constitucional da existência, tudo tem que obrigatoriamente se transformar, mudar, crescer, evoluir, expandir e se aperfeiçoar.
E com o conhecimento não é diferente.
E é em cima deste tema que eu quero hoje refletir, me
utilizando de duas áreas que mais ou menos conheço: uma vou chamar de universo
espírita (e vou colocar no mesmo saco kardecistas e umbandistas) e a outra vou
chamar de universo psi (o universo das terapias).
Quando S.Freud canalizou a Psicanálise e quando Allan Kardec
canalizou o Espiritismo (ambos na Europa no século 19) o panorama religioso e
cultural da época era super conservador, muito fechado.
Estes dois gigantes tiveram que se confrontar com mentes
muito caretas, muito retrógradas e reacionárias.
O doutor austríaco teve que peitar uma medicina
psiquiátrica que mal conhecia o funcionamento cerebral e mal entendia o que
pretendia curar.
E o professor
francês teve que peitar a igreja...
Abertos estes portais, e considerando que ninguém, em
nenhuma área do conhecimento - religioso e secular - trouxe um trabalho fechado e finalizado
(até porque em termos de Universo impermanente isto seria impossível), tanto a
Psicologia quanto o Espiritismo tiveram que continuar caminhando e se
expandindo.
No campo das terapias, por exemplo, C.G.Jung expandiu
mais ainda o que Freud trouxe, introduzindo os conceitos do Self, do
inconsciente coletivo, dos arquétipos, da individuação, etc.
Depois W.Reich descobriu a estreita ligação entre corpo e
emoções, e ainda (re)descobriu a existência do prana (que ele chamou de orgone) e
desenvolveu formas de instrumentaliza-lo.
No Espiritismo, Ramatis, por exemplo, abriu mais a
reflexão sobre o tema. E a própria Umbanda não deixa de ser uma expansão do pensamento
e da práxis espírita, ao introjetar em seu universo além dos elementos
cristãos-kardecistas, também as culturas indígena, negra e oriental.
E o que hoje podemos modernamente assistir, é uma linda
troca de ferramentas.
Ou seja, o mundo mediúnico está entrando no mundo psi – e
terapias holísticas e sistêmicas como por exemplo, Alinhamento Energético,
Constelações Sistêmicas, Tetha Healing, Resgate de Alma, Psicotranse e
Frequencias de Brilho, são fundamentalmente terapias sensitivas (umas de forma
explicita outras implicitamente).
A sensitividade tem se mostrado uma ferramenta altamente eficiente e competente para abrir uma via de acesso direto ao mundo inconsciente e aí poder processar e transmutar os conteúdos ali residentes.
A sensitividade tem se mostrado uma ferramenta altamente eficiente e competente para abrir uma via de acesso direto ao mundo inconsciente e aí poder processar e transmutar os conteúdos ali residentes.
E por outro lado, o mundo psi está entrando no mundo espírita, e a
Apometria é um movimento vindo de um segmento do kardecismo nessa direção mais
terapêutica.
Claro que as resistências existem. E ainda são muitas.
Até hoje existem psicanalistas ortodoxos que acham Jung meio
oba oba haribol, que o corpo não precisa ser incluído no processo terapêutico,
e que energia é coisa de esotéricos. Psicologia Transpessoal então, nem pensar,
é coisa de místicos fora da realidade.
O CRP até tinha proibido psicólogos de usarem astrologia,
tarot, florais,etc.,
Como até hoje existem espíritas e umbandistas que pretendem resolver os problemas á partir da retirada de obcessores e de mexer em vidas passadas.
Penso que assim como o aspecto exotérico e externo das
religiões, embora tendo feito muito mal a Humanidade, também produziram o que
Ken Wilber chamou de uma importante “cola” social prá que a massa fosse
normatizada e regulada sem caotizar a sociedade, a velha Psicanálise e o
kardecismo clássico continuam vigorando e sendo úteis, embora tendo hoje sua
área de atuação limitada em relação aos avanços que foram se apresentando.
Não são poucos os psicólogos que recebo em consultório e em
cursos de formação procurando outros horizontes por estarem insatisfeitos com
as ferramentas que dispõem.
(E tenho que dizer também que não são poucos os clientes que nos procuram dizendo que não aguentam mais divã...)
(E tenho que dizer também que não são poucos os clientes que nos procuram dizendo que não aguentam mais divã...)
Como não são poucos os espíritas e umbandistas que nos
procuram porque já entenderam que não adianta ficar alopaticamente trabalhando
nos efeitos (obcessores e vidas passadas) e esperando que as pessoas façam uma
reforma moral (conceito que é super importante, mas de resultados normalmente
muito lentos).
Os orientais já sabiam há milênios que as causas do
sofrimento humano, a matriz do que nos amarra nessa ilusão dual, reside nos samskaras (as impressões, registros e
memórias psico emocionais vivenciais e experienciais) que vão gerar vasanas (personalidade, caráter, hábitos, crenças e padrões de
comportamento) e virttis (a quantidade
e a qualidade do movimento da mente racional).
É esta dinâmica, que sustentada pelo trio ego / mente
racional / 5 sentidos, vai manter o samsara
rodando e nós todos lá fazendo looping...
Praticamente todas as práticas orientais (yoga, meditação, vedanta, tantra, ayurveda)
vão se estruturar para atacar este ponto matriz : o material não curado que
reside no inconsciente e determina a qualidade da nossa vida interna e externa.
Assim como fazem também todas as terapias.
Hoje com a percepção e a compreensão das leis da sincronicidade
e da ressonância, é quase infantil acreditar, por exemplo, que um obcessor “do
nada” possa te atacar sem nenhuma razão subjacente interna. Seria a negação da lei inteligente de
causa-e-efeito.
Isso não quer dizer que ao ganharem um upgrade, as escolas e linhas tradicionais
de espiritismo ou de terapias perderam a sua validade.
A idéia não é nem um pouco essa. Sempre vai ter gente
precisando de psicanálise para elaborar conteúdos ou precisando ir ao centro se
limpar.
Cada caso é um caso e panacéia não existe mesmo, felizmente.
É como ocorre na medicina: a ressonância magnética não
anulou a utilidade do raio X. Ás vezes uma radiografia é suficiente prá
resolver.
Então que bom que o leque expandiu, que bom que existem
muito mais ferramentas disponíveis e que bom que existem hoje ferramentas muito
mais eficientes do que as que haviam até então (o que, repito, não diminui nem
desqualifica o que já existia).
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