SOBRE OS PAIS
Ressignifique
no seu coração os sentimentos desequilibrados e equivocados que você porventura
tenha em relação aos seus pais.
Nós temos o
hábito de imputar aos nossos pais culpas por coisas que eles nos falaram (ou
que não falaram) e pelo que nos fizeram (ou que não fizeram), que foram coisas
que nos fizeram sofrer, ter problemas com auto-estima e com auto-valor, e que
acabamos nutrindo raivas, medos e/ou tristezas que nos impedem de deixar fluir
uma relação leve – conosco, com eles, com os outros e com a vida em geral.
E nós ainda
estamos mais ou menos presos no(a) garotinho(a) ferido(a) e vivemos muitos
conflitos com nossos pais por conta disso, querendo cobra-los, muda-los ou
mesmo puni-los.
Se considerarmos que nós pré co-contratamos e co-atraímos tudo o que nos
acontece, foi também assim que aconteceu entre nós e os nossos pais (aliás, Kardek falou bastante sobre isso).
Todos nós nos escolhemos mutuamente porque este encontro propiciava
exatamente os exercícios que cada um precisava viver para crescer e para se
expandir.
Este encontro disponibilizava os espelhos perfeitos para que material
inconsciente emergisse a partir destes relacionamentos e fosse curado.
Nossa vinda aqui com certeza não é fruto de um acaso cósmico nem de uma
brincadeira aleatória da biologia, física e química.
E aí com esta consciência podemos passar a ter uma outra perspectiva a
respeito dos erros e das falhas dos nossos pais (que também tiveram pais que
erraram e falharam, e assim por diante).
A
verdade é que todos nós sempre fazemos o nosso melhor e sempre fazemos o que é
o possível. Se pudéssemos ter feito melhor não teríamos feito ?
Assim também foi com os nossos pais. Além do mais, eles também tem as
questões com os pais deles e também tem suas dores e limitações.
Então veja bem que tudo aquilo que você até hoje tinha entendido como
sendo você uma vitima dos erros e defeitos dos seus pais, na verdade foi tudo
um precioso material de trabalho que seus pais amorosamente disponibilizaram
para você.
Além do amor, da educação, dos cuidados e do sustento material, também
vieram os obstáculos, as dificuldades, os desafios, os problemas, os conflitos,
exatamente os exercícios que você pediu e precisava.
O
fator complicador é que crianças não sabem que não são o centro do mundo, não
sabem que os pais não são perfeitos e não sabem que a maior parte das coisas
difíceis que vieram deles tem muito mais a ver com eles e os pais deles do que
com a gente.
Mas
como crianças não sabem disso, receberam tudo como se fosse pessoal quando na
verdade foram apenas projeções.
A
partir destas perspectivas, só precisa permanecer a gratidão no seu coração em
relação aos seus pais. Gratidão pelos exercícios que seu Eu Superior atraiu
para você através deles.
Olhe para trás e veja quanta superação, quanto aprendizado e quanta
experiência adquiridos com todo esse espelho de Luz e Sombra que nossos pais
nos proporcionaram.
Quando não procedemos assim ficamos mantendo nossos pais na nossa frente
– simbólica e energeticamente falando - e aí vamos transferindo-os para as
pessoas das nossas relações.
Ou
seja, nosso marido “vira” nosso pai, nossa esposa “vira” nossa mãe e por aí
afora, na tentativa (inútil) do nosso psiquismo de se auto-regular.
Vamos re-colocar nossos pais no lugar energético e simbólico deles que é
atrás de nós com toda a linhagem masculina e feminina de nossa família atrás
deles.
Devolva interiormente (e amorosamente) para eles tudo o que eles te falaram
(suas crenças, expectativas, cobranças e julgamentos) e te fizeram, pois isso
pertence a eles.
E todos eles estarão lá, na sua retaguarda, dando o suporte ancestral e
energético necessário ao desenvolvimento saudável das gerações seguintes.
Aproveite também para re-significar sua concepção de “dívida” em relação
aos seus pais.
Nossas “dívidas” são sempre para com o Universo. Aliás, nem são
exatamente dívidas (por isso coloquei entre aspas).
Como tudo no Universo é na mão dupla - na causa e no efeito - nós temos
apenas que devolver ao Universo o que recebemos para assim manter a dinâmica do
fluxo da espiral evolutiva.
Quando nós amamos, cuidamos e fazemos as coisas necessárias pelos nossos
filhos, estamos retornando ao Universo as coisas que recebemos de nossos pais.
Nossos filhos não nos devem nada.
Eles, por sua vez, vão retribuir ao Universo o que receberam de nós, amando
e cuidando de seus filhos.
Nossos filhos não são necessariamente
ingratos se não procederem em função das nossas benesses da forma que
gostaríamos e esperamos. Eles não são nossos devedores. O que fizemos por eles,
fizemos para saldar com o Universo o que recebemos de nossos pais.
Se não temos esta consciência e não procedemos assim, acabamos muitas vezes
repetindo padrões paternos. Ou para tentar curar os pais e/ou para tentar
compreende-los.
Tanto é assim, que vejam como é alto, por exemplo, o índice de suicidas
filhos de suicidas e alcoólatras filhos de alcoólatras.
As Constelações Familiares de Bert
Hellinger trabalham muito dentro desta idéia.
Os índios também dão muita importância para perceber os padrões
negativos da ancestralidade que porventura ainda estejam no presente, para
curá-los, de forma que não passem para as gerações seguintes.
Por outro lado, temos ainda outro compromisso para com o Universo, que é
cuidar de nossos pais na velhice, como eles cuidaram de nós na infância, mas
sem infantiliza-los, é claro, como é o que a maioria acaba fazendo.
Ainda aqui, ninguém deve nada a ninguém.
O Banco é sempre o Universo - a Inteligência Absoluta e o Amor Incondicional.
Mas lembre-se: o mandamento diz “Honrar
pai e mãe”, e não “Amar pai e mãe”.
Se você teve pais que o abusaram,
agrediram, feriram, não é obrigatório que os ame.
Ninguém é obrigado a amar quem o fere. E
ninguém tem que se sentir culpado por não amar pais violentos ou ausentes.
Mas tem que honrar. Honrar é não negar,
não excluir do seu sistema.
Você não precisa frequentar, se
relacionar, mas não deve fingir que eles não existem e negar sua paternidade e
existência.
No mínimo, no mínimo, eles te deram este
corpo físico.
ERNANI FORNARI
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