sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

SOBRE OS PAIS

     Ressignifique no seu coração os sentimentos desequilibrados e equivocados que você porventura tenha em relação aos seus pais. 

    Nós temos o hábito de imputar aos nossos pais culpas por coisas que eles nos falaram (ou que não falaram) e pelo que nos fizeram (ou que não fizeram), que foram coisas que nos fizeram sofrer, ter problemas com auto-estima e com auto-valor, e que acabamos nutrindo raivas, medos e/ou tristezas que nos impedem de deixar fluir uma relação leve – conosco, com eles, com os outros e com a vida em geral.   

    E nós ainda estamos mais ou menos presos no(a) garotinho(a) ferido(a) e vivemos muitos conflitos com nossos pais por conta disso, querendo cobra-los, muda-los ou mesmo puni-los.

    Se considerarmos que nós pré co-contratamos e co-atraímos tudo o que nos acontece, foi também assim que aconteceu entre nós e os nossos pais (aliás, Kardek falou bastante sobre isso).

    Todos nós nos escolhemos mutuamente porque este encontro propiciava exatamente os exercícios que cada um precisava viver para crescer e para se expandir.

    Este encontro disponibilizava os espelhos perfeitos para que material inconsciente emergisse a partir destes relacionamentos e fosse curado.

    Nossa vinda aqui com certeza não é fruto de um acaso cósmico nem de uma brincadeira aleatória da biologia, física e química.

    E aí com esta consciência podemos passar a ter uma outra perspectiva a respeito dos erros e das falhas dos nossos pais (que também tiveram pais que erraram e falharam, e assim por diante).

   A verdade é que todos nós sempre fazemos o nosso melhor e sempre fazemos o que é o possível. Se pudéssemos ter feito melhor não teríamos feito ?

    Assim também foi com os nossos pais. Além do mais, eles também tem as questões com os pais deles e também tem suas dores e limitações.

   Então veja bem que tudo aquilo que você até hoje tinha entendido como sendo você uma vitima dos erros e defeitos dos seus pais, na verdade foi tudo um precioso material de trabalho que seus pais amorosamente disponibilizaram para você.

    Além do amor, da educação, dos cuidados e do sustento material, também vieram os obstáculos, as dificuldades, os desafios, os problemas, os conflitos, exatamente os exercícios que você pediu e precisava.  

   O fator complicador é que crianças não sabem que não são o centro do mundo, não sabem que os pais não são perfeitos e não sabem que a maior parte das coisas difíceis que vieram deles tem muito mais a ver com eles e os pais deles do que com a gente.

   Mas como crianças não sabem disso, receberam tudo como se fosse pessoal quando na verdade foram apenas projeções. 
       
   A partir destas perspectivas, só precisa permanecer a gratidão no seu coração em relação aos seus pais. Gratidão pelos exercícios que seu Eu Superior atraiu para você através deles.   

   Olhe para trás e veja quanta superação, quanto aprendizado e quanta experiência adquiridos com todo esse espelho de Luz e Sombra que nossos pais nos proporcionaram.
   Quando não procedemos assim ficamos mantendo nossos pais na nossa frente – simbólica e energeticamente falando - e aí vamos transferindo-os para as pessoas das nossas relações.

   Ou seja, nosso marido “vira” nosso pai, nossa esposa “vira” nossa mãe e por aí afora, na tentativa (inútil) do nosso psiquismo de se auto-regular.

    Vamos re-colocar nossos pais no lugar energético e simbólico deles que é atrás de nós com toda a linhagem masculina e feminina de nossa família atrás deles.

    Devolva interiormente (e amorosamente) para eles tudo o que eles te falaram (suas crenças, expectativas, cobranças e julgamentos) e te fizeram, pois isso pertence a eles.

    E todos eles estarão lá, na sua retaguarda, dando o suporte ancestral e energético necessário ao desenvolvimento saudável das gerações seguintes.

    Aproveite também para re-significar sua concepção de “dívida” em relação aos seus pais.

   Nossas “dívidas” são sempre para com o Universo. Aliás, nem são exatamente dívidas (por isso coloquei entre aspas). 

   Como tudo no Universo é na mão dupla - na causa e no efeito - nós temos apenas que devolver ao Universo o que recebemos para assim manter a dinâmica do fluxo da espiral evolutiva.

   Quando nós amamos, cuidamos e fazemos as coisas necessárias pelos nossos filhos, estamos retornando ao Universo as coisas que recebemos de nossos pais. Nossos filhos não nos devem nada.  

   Eles, por sua vez, vão retribuir ao Universo o que receberam de nós, amando e cuidando de seus filhos.

    Nossos filhos não são necessariamente ingratos se não procederem em função das nossas benesses da forma que gostaríamos e esperamos. Eles não são nossos devedores. O que fizemos por eles, fizemos para saldar com o Universo o que recebemos de nossos pais.

    Se não temos esta consciência e não procedemos assim, acabamos muitas vezes repetindo padrões paternos. Ou para tentar curar os pais e/ou para tentar compreende-los.

     Tanto é assim, que vejam como é alto, por exemplo, o índice de suicidas filhos de suicidas e alcoólatras filhos de alcoólatras.

     As Constelações Familiares de Bert Hellinger trabalham muito dentro desta idéia.

    Os índios também dão muita importância para perceber os padrões negativos da ancestralidade que porventura ainda estejam no presente, para curá-los, de forma que não passem para as gerações seguintes.

    Por outro lado, temos ainda outro compromisso para com o Universo, que é cuidar de nossos pais na velhice, como eles cuidaram de nós na infância, mas sem infantiliza-los, é claro, como é o que a maioria acaba fazendo.

       Ainda aqui, ninguém deve nada a ninguém. O Banco é sempre o Universo - a Inteligência Absoluta e o Amor Incondicional.

      Mas lembre-se: o mandamento diz “Honrar pai e mãe”, e não “Amar pai e mãe”.

      Se você teve pais que o abusaram, agrediram, feriram, não é obrigatório que os ame.

      Ninguém é obrigado a amar quem o fere. E ninguém tem que se sentir culpado por não amar pais violentos ou ausentes.

     Mas tem que honrar. Honrar é não negar, não excluir do seu sistema.

     Você não precisa frequentar, se relacionar, mas não deve fingir que eles não existem e negar sua paternidade e existência.

     No mínimo, no mínimo, eles te deram este corpo físico.

ERNANI FORNARI


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